O Governo anunciou que vai retomar, de forma gradual, os actos administrativos relacionados às promoções e progressões dos funcionários públicos, dando prioridade aos processos que foram aprovados e visados pelo Tribunal Administrativo (TA) antes da implementação da Tabela Salarial Única (TSU). Apesar da decisão, o Executivo não apresentou qualquer data concreta para o início da operação.
A informação foi avançada pela Primeira-Ministra, Maria Benvinda Levi, durante a sessão de informações do Governo na Assembleia da República, onde garantiu que o Estado está a reforçar a sua capacidade financeira para assegurar o cumprimento regular das obrigações salariais.
Processos antigos serão os primeiros
Segundo Levi, o congelamento dos actos administrativos, imposto em 2022, só poderá ser totalmente levantado agora que o subsistema de carreiras, remunerações e novos qualificadores profissionais já foi aprovado e publicado no Boletim da República.
“A retoma dará prioridade aos funcionários cujos processos foram aprovados e visados antes da TSU, assim como aos que pertencem a carreiras de regime especial e específico”, afirmou a governante.
Pagamento de salários continua dentro do calendário
A Primeira-Ministra reforçou que os salários continuam a ser pagos dentro do período estabelecido — entre os dias 15 e 5 de cada mês — e explicou que o Governo está a adoptar medidas para reforçar a tesouraria, melhorar a gestão financeira e tornar mais previsível o pagamento das despesas do Estado.
Entre as reformas destacam-se:
- alargamento da base tributária;
- revisão da legislação fiscal;
- modernização do sistema de administração financeira.
Economia mostra sinais de recuperação
Levi apresentou indicadores que apontam para uma melhoria gradual da economia nacional. O PIB, embora ainda negativo, registou uma contracção mais leve no segundo trimestre de 2025, após quedas mais severas nos trimestres anteriores. A inflação manteve-se em valores controlados, sustentada por políticas monetárias e fiscais estáveis e pela melhoria da oferta interna.
Sectores como agricultura, indústria extractiva, serviços financeiros e administração pública contribuíram positivamente para a recuperação.
O Governo aposta na execução do Plano de Recuperação e Crescimento Económico (PRECE) 2025–2029, focado no aumento da produção nacional, logística, energia e cadeias de valor.
Medidas para apoiar juventude e habitação
A governante reafirmou que a juventude é prioridade nacional. Entre as iniciativas em curso estão:
- expansão da formação técnico-profissional;
- apoio ao auto-emprego e empreendedorismo;
- operacionalização do Fundo de Desenvolvimento Económico Local;
- financiamento de 800 projectos juvenis no quinquénio;
- instalação de 12 incubadoras de empresas no país.
Na área da habitação, o Governo está a infra-estruturar terrenos e apoiar a construção de casas acessíveis, com destaque para jovens e mulheres. Estão em desenvolvimento cerca de 6.300 talhões em várias províncias, e já foram entregues 1.200 talhões urbanizados em Vilankulo.
Confiança internacional em alta
Levi afirmou ainda que Moçambique vive um momento de reforço da credibilidade internacional, com avanços importantes como:
- saída da Lista Cinzenta do GAFI;
- retoma do programa Compacto II do Millennium Challenge Corporation (MCC);
- anúncio de um investimento de 7,2 mil milhões de dólares no projecto Coral Norte, na bacia do Rovuma.
Segundo a Primeira-Ministra, estes avanços demonstram que o país está a recuperar a confiança dos parceiros e a criar bases para um crescimento económico mais sólido.
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