Os Presidentes Daniel Chapo e Luiz Inácio Lula da Silva defenderam, esta segunda-feira, em Maputo, um relançamento estratégico e ambicioso da cooperação económica entre Moçambique e o Brasil, com foco na energia, agricultura, infra-estruturas e turismo. O compromisso foi reafirmado durante o Fórum Empresarial Moçambique-Brasil, que reuniu dezenas de investidores dos dois países.
O Presidente Daniel Chapo assinalou que este encontro marca “uma nova etapa” na relação bilateral, coincidindo com os 50 anos da independência de Moçambique e meio século de relações diplomáticas com o Brasil.
“Estamos aqui com os nossos irmãos empresários brasileiros e moçambicanos para retomarmos e recomeçarmos o futuro do país, 50 anos depois da nossa independência e 50 anos de relações com o Brasil”, afirmou.
Gás, energia e infra-estruturas no centro dos grandes investimentos
O Chefe do Estado destacou o vasto potencial económico moçambicano em recursos minerais, hidrocarbonetos, agro-indústria, turismo e energia, frisando que estes sectores representam “grandes oportunidades” para os investidores brasileiros. Chapo lembrou que Moçambique é já um dos dez maiores produtores de gás do mundo e pretende ascender ao grupo dos cinco maiores.
O Presidente detalhou os projectos estruturantes em curso na Bacia do Rovuma, com destaque para Coral Sul e Coral Norte, investimentos avaliados em cerca de 15 mil milhões de dólares, além do regresso dos megaprojectos da TotalEnergies e ExxonMobil, que podem totalizar 50 mil milhões de dólares após o levantamento da força maior.
Este cenário, disse, abre espaço para uma cooperação reforçada entre a Petrobras e a ENH (Empresa Nacional de Hidrocarbonetos).
Agricultura e turismo vistos como motores do crescimento
Na agricultura, Chapo afirmou que Moçambique quer seguir o modelo brasileiro, que transformou o país numa potência agrícola mundial. Já no turismo, destacou os 2.700 km de costa e as “ilhas extraordinárias”, afirmando que Moçambique tem potencial para tornar-se “um autêntico Maldivas de África”, desde que receba investimentos adequados em hotelaria, acessos e serviços.
Energia: a prioridade máxima
Para o governante moçambicano, o sector energético é a chave da transformação económica. Recordou que vários países da região enfrentam défices de energia e que Moçambique possui condições privilegiadas para abastecer esses mercados, combinando hidroeléctricas, gás, energia solar, carvão e eólica.
Entre os novos investimentos, destacou a central de 450 MW em Inhambane e projectos como Mphanda Nkuwa, considerado um dos maiores empreendimentos hidroeléctricos em desenvolvimento na África Austral.
Lula defende maior presença brasileira em África
Na sua intervenção, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva apelou ao fortalecimento da presença empresarial brasileira no continente africano, classificando África como uma região com oportunidades estruturais ainda subaproveitadas.
“É importante lembrarmos que podemos participar, compartilhar e ganhar dinheiro ajudando a construir o que ainda não existe”, disse Lula, referindo-se a estradas, pontes, centrais eléctricas e outras obras essenciais.
Lula revelou que, no passado, enfrentou dificuldades para convencer empresas brasileiras a investir em África, mas assegurou que o momento agora é diferente.
“Voltamos a governar o Brasil e passámos dois anos a recuperar o país. Por isso, eu estou de volta a Moçambique e trouxe esta equipa comigo”, declarou.
O Presidente brasileiro sublinhou que instituições estratégicas, como a Embrapa e o BNDES, estão prontas para retomar a cooperação com Moçambique, ao lado da Petrobras e outras empresas públicas e tecnológicas.
“O meu governo está à disposição, com tudo o que temos — ministérios, empresas públicas, tecnológicas e financeiras — para avaliarmos os projectos e construirmos novas parcerias”