O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou a intenção de realizar um telefonema direto com o líder venezuelano Nicolás Maduro, apesar de Washington ter classificado oficialmente o Cartel de los Soles — que acusa ser liderado por Maduro — como organização terrorista. A informação foi avançada pelo portal norte-americano Axios.
A decisão surge num momento de forte tensão entre os dois países. Horas antes da revelação, o Departamento de Estado dos EUA incluiu o Cartel de los Soles na sua lista de grupos terroristas, justificando que a rede estaria envolvida no envio de drogas para território norte-americano. Caracas nega a existência do cartel e acusa Washington de instrumentalizar o rótulo para justificar uma possível mudança de regime.
Apesar da nova designação, a Casa Branca pretende abrir um canal direto de comunicação. Segundo fontes citadas pelo Axios, o telefonema ainda não tem data marcada. Uma autoridade dos EUA, sob anonimato, afirmou que não há planos imediatos de uma operação para capturar ou assassinar Maduro, mas frisou que “todas as opções continuam sobre a mesa”.
Escalada militar no Caribe
Desde setembro, os Estados Unidos reforçaram significativamente a sua presença militar na região, enviando oito navios de guerra, caças F-35 e o porta-aviões USS Gerald Ford, o maior do mundo, que entrou no Caribe na semana passada. Washington alega que a operação visa combater o narcotráfico, e afirma ter destruído pelo menos 21 embarcações ligadas a redes criminosas, resultando em 83 mortos.
Caracas, porém, interpreta os movimentos como parte de uma estratégia de intimidação e tentativa de desestabilização política. Maduro classificou a acusação de terrorismo como “ridícula” e denunciou que os EUA procuram legitimar ações militares contra o seu governo.
O Cartel de los Soles existe?
A existência do Cartel de los Soles é alvo de debate entre especialistas em crime organizado. Embora Washington sustente que Maduro lidera a rede, pesquisadores afirmam que o grupo não funciona como um cartel tradicional, mas sim como uma “rede de redes”, composta por militares e figuras políticas que facilitariam o tráfico de drogas em troca de benefícios.
Para Jeremy McDermott, cofundador do InSight Crime, o termo descreve um sistema descentralizado de corrupção e tráfico, e não uma organização hierárquica comparável aos cartéis mexicanos ou colombianos. Ele aponta que, mesmo sem comandar a cadeia do narcotráfico, Maduro seria um dos principais beneficiários de uma governança criminal híbrida, usada para sustentar alianças militares e políticas.
Origem do nome
O termo “Cartel de los Soles” surgiu nos anos 1990, quando generais venezuelanos foram acusados de envolvimento com tráfico de drogas. A expressão refere-se aos soles, insígnias usadas na farda de oficiais da Guarda Nacional. Desde então, passou a designar qualquer atividade de narcotráfico supostamente enraizada no Estado venezuelano.
Segundo McDermott, o nome foi adotado por órgãos de justiça e, mais tarde, pelo Departamento de Justiça dos EUA em acusações formais que chegaram a incluir Maduro — muito antes da ascensão de Hugo Chávez à presidência, em 1999.
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