A petrolífera francesa TotalEnergies repudiou esta quinta-feira (20) as acusações de cumplicidade em crimes de guerra, torturas e desaparecimentos forçados alegadamente ocorridos em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, onde a empresa lidera o megaprojecto de gás natural Mozambique LNG.
As denúncias foram apresentadas na segunda-feira (17), em Paris, pelo Centro Europeu para os Direitos Constitucionais e Humanos (ECCHR), que aponta a TotalEnergies e “pessoas desconhecidas” como responsáveis ou cúmplices num massacre alegadamente ocorrido entre Julho e Setembro de 2021.
Num comunicado enviado à imprensa, a empresa afirma não ter sido formalmente notificada e garante que as alegações “não têm qualquer fundamento”.
“A TotalEnergies rejeita veementemente todas as acusações de cumplicidade em crimes de guerra, tortura e desaparecimentos forçados em Moçambique”, refere o documento.
Empresa diz que não estava no local durante os abusos alegados
A petrolífera sublinha que, na altura em que o jornal norte-americano Politico sugere que militares moçambicanos cometeram graves abusos perto das instalações da companhia, nenhum membro da equipa da Mozambique LNG estava presente no local, uma vez que todos os trabalhadores tinham sido evacuados após o ataque terrorista de Março de 2021, em Palma.
“Depois do ataque, todos os funcionários foram retirados e o exército moçambicano assumiu o controlo do complexo de Afungi, do aeroporto e do porto. A TotalEnergies não tinha, nem podia ter, qualquer conhecimento dos actos de violência relatados”, acrescenta a nota.
Total critica o Politico por alegada selecção de informações
A empresa acusa ainda o Politico de ter “seleccionado apenas partes das respostas enviadas pela TotalEnergies” e de não apresentar provas que sustentem as alegações de violação dos direitos humanos no projecto de Afungi.

Segunda acção judicial contra a Total este ano
Esta nova queixa junta-se a outra acção judicial revelada em Março, quando o Ministério Público francês abriu uma investigação contra a TotalEnergies por alegações de homicídio e omissão de socorro, relacionadas com a morte de 55 trabalhadores subcontratados durante o ataque do Daesh em Palma, em 2021.
Também em Março, o jornal francês Le Monde noticiou que sobreviventes e familiares de vítimas – sul-africanos e britânicos – acusavam a empresa de negligência por não ter garantido mecanismos adequados de evacuação durante o ataque, que durou vários dias e causou dezenas de mortes. Embora o governo moçambicano tenha divulgado cerca de 30 vítimas, o jornalista independente Alexander Perry estima mais de 1.400 civis mortos ou desaparecidos, incluindo 55 contratados da TotalEnergies.
Após o ataque, a empresa declarou força maior e suspendeu o projecto de gás, interrompido até hoje.
Violência continua em Cabo Delgado
De acordo com a Reuters, Moçambique registou 137 incidentes de violência jihadista contra civis apenas em 2025, um número superior ao total de ataques de 2021 — o ano em que a TotalEnergies deixou de operar na província.
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