O Presidente da República, Daniel Chapo, deixou um aviso claro aos empresários nacionais: os maiores ganhos dos megaprojectos de gás natural em Cabo Delgado surgirão durante a fase de implantação, e quem não se posicionar desde já poderá perder oportunidades decisivas num sector que movimenta dezenas de milhares de milhões de dólares.
Falando durante um encontro com o sector empresarial, Chapo lembrou que tanto a TotalEnergies como a ExxonMobil já removeram as cláusulas de Força Maior, passo que sinaliza uma reactivação progressiva das operações. Para o Chefe de Estado, este é o momento em que os empresários devem agir, organizar-se e ocupar espaço.
“Os investidores que se aproximarem cedo dos centros de decisão e execução dos projectos terão a vantagem competitiva de antecipar benefícios. Quem atrasar, perde”, alertou Chapo.
A província de Cabo Delgado é actualmente palco de quatro grandes projectos de exploração de gás natural, com um investimento conjunto que ultrapassa os 50 mil milhões de dólares, tornando o norte de Moçambique uma das zonas energéticas mais estratégicas de África.
Entre estes projectos destacam-se:
- Coral Sul FNLG, em operação desde 2022, liderado pela Eni;
- Coral Norte FNLG, igualmente gerido pela petrolífera italiana;
- Mozambique LNG, sob a liderança da TotalEnergies;
- Rovuma LNG (Mozambique Rovuma Venture), operado pela ExxonMobil.
Somados, os dois projectos da Eni representam cerca de 15 mil milhões de dólares, valor equivalente ao comprometido pela TotalEnergies no Mozambique LNG. O projecto da ExxonMobil ultrapassa os 20 mil milhões, constituindo o maior dos quatro.
Apesar do enorme potencial económico, a advertência de Chapo traz uma leitura crítica: Moçambique corre o risco de ver o capital estrangeiro colher os principais frutos, enquanto os empresários locais, muitas vezes fragilizados por falta de financiamento, capacitação ou informação, podem ficar com uma fatia reduzida de um bolo bilionário.
A mensagem do Presidente parece apontar para a necessidade de maior organização interna, rapidez estratégica e participação efectiva da classe empresarial nacional — sob pena de perderem espaço para multinacionais que já se movimentam com força e recursos.
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