O comandante da Otan sugere um possível “ataque preventivo” à Rússia, gerando reação imediata de Moscou, que classificou a fala como irresponsável e escalatória. Enquanto isso, negociações de paz para a Ucrânia avançam, mas o conflito continua com alto custo humano. Opinião de especialistas alerta para riscos de escalada e tensão internacional
O mais alto oficial militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o almirante Giuseppe Cavo Dragone, causou tensão nesta segunda-feira (1º) ao afirmar que a aliança poderia considerar um “ataque preventivo” contra a Rússia. Em entrevista ao Financial Times, Dragone explicou que a Otan avalia adotar medidas mais agressivas diante da chamada “guerra híbrida” promovida por Moscou, classificando a ofensiva como uma possível ação defensiva.
A reação russa foi imediata. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, qualificou as declarações como “extremamente irresponsáveis”, acusando a Otan de tentar escalar o conflito. “Vemos nisso uma tentativa deliberada de minar os esforços para superar a crise ucraniana. Quem faz tais declarações deve estar ciente dos riscos e das possíveis consequências, inclusive para os próprios membros da aliança”, afirmou.
Tensão aumenta enquanto plano de paz é discutido
Enquanto isso, autoridades russas e americanas realizam encontros nos Emirados Árabes Unidos para discutir uma proposta de paz para a Ucrânia. Segundo informações de agências internacionais, o plano elaborado pelos Estados Unidos prevê que a Ucrânia ceda as regiões de Donetsk e Luhansk à Rússia, além de entregar parte do seu arsenal militar e assinar um acordo de não agressão envolvendo Rússia, Ucrânia e países europeus.
O plano, composto por 28 pontos, teria como base um documento apresentado por Moscou ao governo de Donald Trump em outubro, e busca encerrar o conflito que já se prolonga há anos. O presidente russo, Vladimir Putin, reforçou recentemente que a Rússia só concordará em retirar suas forças se as tropas ucranianas se retirarem das áreas reivindicadas por Moscou.
A tensão diplomática aumentou na última semana após o vazamento de uma conversa entre o principal negociador americano e um assessor presidencial russo. Apesar disso, Donald Trump informou em suas redes que só se reunirá com Putin e Zelensky quando o acordo estiver concluído ou em fases finais de negociação.
Conflito e destruição continuam na Ucrânia
Enquanto os diálogos diplomáticos se desenrolam, ataques continuam a impactar a população ucraniana. Em Ternopil, no oeste do país, prédios residenciais foram destruídos por ataques russos, evidenciando que, apesar das negociações, a guerra mantém seu custo humano elevado.
O episódio reforça o clima de alta tensão internacional, com a possibilidade de escalada militar tornando-se um risco real, ao mesmo tempo que negociações de paz tentam conter o conflito.
Opinião
A fala do almirante Dragone revela o dilema central da Otan: equilibrar uma postura defensiva com a necessidade de mostrar força frente às estratégias híbridas da Rússia. Ao mesmo tempo, a reação de Moscou evidencia que qualquer declaração desse tipo pode ser interpretada como provocação, aumentando o risco de escalada.
O cenário sugere que, enquanto os líderes buscam uma solução diplomática, a retórica militar continuará desempenhando um papel tenso e determinante. A população civil ucraniana permanece como a maior vítima desse conflito, e cada passo na negociação será decisivo para evitar que uma guerra regional se transforme em crise internacional mais ampla.
Leia também esta notícia: Leia a notícia:
https://vozafricano.com/nova-sabotagem-em-sofala-dois-comboios-descarrilam-no-dondo/