A seca severa continua a deixar marcas profundas na capacidade de produção energética em Moçambique. A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) anunciou que a geração deste ano deverá ficar pelos 10.700 gigawatts-hora, muito abaixo dos períodos de maior produção, quando a barragem chegou a atingir o recorde de 15 mil gigawatts-hora.
A queda representa um dos recuos mais significativos da última década e expõe a vulnerabilidade do país diante das mudanças climáticas e da dependência quase absoluta da energia hidroeléctrica.
Segundo a HCB, o fenómeno El Niño, que reduziu drasticamente o volume de água na albufeira de Cahora Bassa, é o principal responsável pela diminuição da capacidade de geração. A escassez de chuvas e o prolongamento da seca limitaram o funcionamento pleno das turbinas, colocando pressão tanto na produção nacional como nas exportações para a SADC.
O Director do Gabinete de Planificação, Organização e Métodos reconheceu que a empresa tem feito esforços para garantir estabilidade e cumprir os compromissos com o país e com a região, mas admitiu que o cenário hidrológico é “desfavorável e preocupante”.
Opinião / Impacto acrescido:
Esta redução na produção energética não é apenas um problema técnico — é um alerta vermelho para Moçambique. A dependência quase total da energia proveniente de Cahora Bassa torna o país extremamente vulnerável a fenómenos climáticos.
A seca não mostra sinais de abrandar, e a resposta governamental tem sido lenta e repetitiva, apostando sempre na mesma solução, como se o clima ainda fosse previsível.
Especialistas alertam que, sem diversificação energética real — solar, eólica, térmica sustentável e modernização das linhas de transporte — Moçambique continuará refém das condições climáticas.
Enquanto isso, consumidores, empresas e exportadores enfrentam o peso de uma crise silenciosa que se agrava a cada ano: menos água, menos energia, menos estabilidade.
O que está a acontecer com a HCB não é um episódio isolado. É um sinal claro de que o país precisa repensar a sua estratégia energética antes que a próxima seca provoque impactos ainda mais graves na economia e na qualidade de vida dos cidadãos.
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