Bairro de Inhambane Sofre na Escuridão

Malembuane às Escuras: Bairro da Capital de Inhambane Sofre com Falta de Energia Eléctrica

bairro de Malembuane, localizado a poucos quilómetros do centro da cidade de Inhambane, continua a viver numa rotina marcada pela escuridão e pela privação, consequência da falta crónica de energia eléctrica. Moradores enfrentam diariamente dificuldades que vão desde iluminar a casa até conservar alimentos, passando pela limitação no acesso à informação e ao lazer.

Para suprir a ausência de eletricidade, muitas famílias recorrem a pequenas soluções improvisadas, como painéis solares domésticos, velas e candeeiros. No entanto, essas alternativas são consideradas insuficientes e perigosas, aumentando o risco de acidentes domésticos e incêndios. “Temos de viver assim todos os dias. É inseguro, cansativo e limita a nossa vida”, afirma Rosa Matsinhe, moradora local.

Insegurança nocturna e criminalidade

A falta de iluminação não afeta apenas a rotina doméstica, mas também a segurança dos residentes. Segundo relatos, a escuridão facilita a ação de criminosos, com assaltos frequentes e até denúncias de violência sexual durante a noite. “É arriscado sair de casa após o pôr-do-sol. Muitas pessoas já foram vítimas de assaltos e agressões, e sentimos pouca presença da polícia”, explica António Feniosse, residente há mais de 15 anos.

Impacto na economia local

A ausência de energia eléctrica trava também iniciativas económicas e pequenos negócios. Sem eletricidade, é impossível usar congeladores, equipamentos elétricos ou manter produtos perecíveis, o que obriga os moradores a venderem a preços mais baixos para evitar perdas. Anabela da Conceição, que sonhava abrir um salão de beleza, adiou o projeto e dedica-se à pesca, enfrentando dificuldades na conservação do pescado. “Sem energia, os planos de renda ficam paralisados. É desmotivante”, lamenta.

Moradores pressionam autoridades

Cansados de esperar por soluções, alguns moradores decidiram inviabilizar temporariamente o trabalho da empresa Águas da Região Sul (AdRS), apesar da empresa não estar ligada à eletrificação, como forma de chamar atenção das autoridades. “Queremos que vejam a nossa situação. A prioridade é a energia eléctrica. Sem ela, nada funciona”, afirma Américo Joaquim, líder comunitário.

Promessas não cumpridas

Segundo os residentes, a situação já foi várias vezes reportada às autoridades administrativas e à Electricidade de Moçambique (EDM), mas nunca houve avanços concretos. “As explicações são sempre as mesmas: falta de material ou reorganização interna. Até hoje não sabemos quando teremos luz em nossas casas”, explica Feniosse. Postes adquiridos pelos moradores continuam sem uso, apesar das promessas antigas da EDM.

Um bairro com potencial, mas limitado

Malembuane é descrito pelos residentes como um bairro com grande potencial de crescimento, mas a falta de energia eléctrica, vias de acesso e água potável continua a travar o desenvolvimento. A população espera que as autoridades municipais e provinciais acelerem a implementação de soluções, garantindo condições mínimas de vida e confiança na gestão pública.

Enquanto isso, os moradores seguem enfrentando a escuridão, lutando para manter pequenas iniciativas económicas, proteger as suas famílias e sobreviver num bairro que, apesar de estar tão perto do centro da cidade, parece invisível para as autoridades.

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