O Governo Provincial de Nampula revelou que necessita de aproximadamente 12,5 milhões de dólares (cerca de 800 milhões de meticais) para recuperar um vasto conjunto de infra-estruturas destruídas tanto pelos ciclones que assolaram a região nos últimos anos quanto pelos actos de vandalismo ocorridos durante as manifestações pós-eleitorais. A informação foi confirmada pelo Secretário de Estado provincial, Plácido Pereira, durante uma visita de trabalho ao posto administrativo de Chalaua, distrito de Moma.
Infra-estruturas essenciais ficaram reduzidas a escombros
Segundo o SdE, o cenário actual não se deve apenas ao impacto dos fenómenos climáticos, mas também à destruição deliberada de edifícios públicos, escolas, sistemas de abastecimento de água e infra-estruturas administrativas durante os tumultos pós-eleitorais.
“As manifestações violentas e ilegais fizeram regredir muitos avanços que estavam a ser consolidados. Em Chalaua, grande parte das infra-estruturas públicas foi vandalizada e destruída. Temos o desafio enorme de reconstruir uma vila praticamente arrasada”, lamentou Pereira.
O governante sublinhou que a província enfrenta dificuldades severas devido à falta de fundos imediatos, mas garantiu que o executivo continuará a trabalhar para repor, de forma faseada, os serviços essenciais.

Visita às mineradoras e alerta contra mineração ilegal
Durante a missão em Moma, o Secretário de Estado visitou ainda várias mineradoras instaladas em Chalaua, apelando para um reforço da responsabilidade social e da actuação dentro dos parâmetros legais.
Pereira alertou para a existência de redes de tráfico e exploração ilegal de pedras preciosas, que, segundo ele, colocam em risco as empresas legalmente estabelecidas e prejudicam o desenvolvimento económico da província.
“Quando a mineração ilegal se infiltra, o Estado deixa de arrecadar receitas importantes. São pedras que saem das mãos de traficantes e não contribuem em nada para o orçamento público”, explicou.
O governante garantiu que está em curso uma operação conjunta entre as autoridades policiais e as empresas licenciadas, com objectivo de reforçar a fiscalização e travar a actividade criminosa na exploração de recursos minerais.
Empresas registam enormes prejuízos durante os distúrbios
No encontro, Alfredo Serozeca, representante da empresa Mozgems, que explora turmalinas em Chalaua, revelou que os tumultos registados entre 27 e 28 de Outubro do ano passado deixaram a empresa numa situação crítica.
Segundo ele, equipamentos foram destruídos, áreas de exploração foram invadidas e a produção foi interrompida por vários dias, originando perdas financeiras avultadas.
“Os danos causados por grupos de jovens durante as manifestações afectaram seriamente o nosso trabalho. Estamos ainda a contabilizar prejuízos que ultrapassam a nossa capacidade de resposta imediata”, disse Serozeca.
Desafio de reconstrução exige resposta urgente
Com ciclones cada vez mais frequentes e episódios de instabilidade social ainda recentes, Nampula enfrenta um duplo desafio: recuperar o que foi destruído e prevenir danos futuros. As autoridades defendem que a reconstrução deverá ser acompanhada por:
- reforço da resiliência climática das infra-estruturas;
- melhor regulação da actividade mineira;
- programas de sensibilização comunitária para reduzir actos de vandalismo;
- e mobilização de parceiros nacionais e internacionais.
O Secretário de Estado reiterou que o Governo não pretende abandonar as comunidades afectadas e promete que os esforços de reabilitação serão contínuos, embora dependam da disponibilização de recursos financeiros adicionais.
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