O distrito de Memba, na província de Nampula, voltou a enfrentar um agravamento da situação de segurança, após uma nova série de ataques terroristas que, nos últimos dias, resultaram em mortes, destruição e deslocamentos em massa. A região, que já tinha registado episódios semelhantes em meses anteriores, volta a ser alvo de acções coordenadas por grupos insurgentes que continuam activos apesar da pressão militar no norte do país.
Segundo informações avançadas pelo governador de Nampula, Mariamo Abdula, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) têm conduzido operações de perseguição que resultaram no abate de vários insurgentes, embora o número exacto não tenha sido revelado. Abdula destacou que estas operações visam impedir a reorganização de células terroristas que procuram expandir a sua presença para novos distritos.
As acções militares, de acordo com o governador, “já começam a restabelecer alguma tranquilidade” nas zonas mais afectadas. Porém, a relativa estabilização contrasta com o grave impacto humanitário que se instala na região. Os ataques provocaram a fuga de mais de 80 mil famílias, obrigadas a abandonar aldeias e povoados para se refugiarem em zonas consideradas seguras, como os distritos de Erate e Nacaroa, além de outras localidades sob controlo governamental.
O fluxo contínuo de deslocados está a sobrecarregar os recursos disponíveis, num momento em que as autoridades locais enfrentam dificuldades crescentes para assegurar alimentos, abrigo, assistência médica e apoio psicossocial. Organizações humanitárias que actuam na província alertam que muitos dos reassentados chegam em condições de extrema vulnerabilidade, após percorrerem longas distâncias sob medo de novos ataques.
Apesar dos esforços militares em curso, especialistas em segurança sublinham que a situação em Memba reflete a expansão geográfica do conflito iniciado em 2017 na província de Cabo Delgado, que ao longo dos anos tem atingido novas áreas do norte do país, incluindo Nampula. A persistência de ataques demonstra que o grupo insurgente mantém capacidade de mobilização, adaptando-se às operações governamentais.
A continuidade das chamadas “perseguições intensas”, mencionadas por Abdula, revela que as FADM procuram consolidar o controlo das áreas atacadas e evitar que os insurgentes criem novas bases. No entanto, a volatilidade da situação mostra que o distrito de Memba permanece vulnerável, exigindo uma combinação de resposta militar, apoio humanitário e reforço das estratégias de segurança comunitária.
artigos relacionados que podes gostar: https://vozafricano.com/mocambique-e-brasil-reforcam-relacoes-com-assinatura-de-nove-novos-instrumentos-juridicos/