A Guiné-Bissau vive um dos momentos mais críticos dos últimos anos. Soldados do país apareceram na noite desta quarta-feira na televisão estatal para anunciar que tomaram o poder, numa declaração que surge após relatos de tiros nas imediações do palácio presidencial, apenas três dias depois das eleições nacionais.
A mensagem foi lida por Dinis N’Tchama, porta-voz do autointitulado Alto Comando Militar para o Restabelecimento da Ordem Nacional e Pública. No comunicado, o grupo afirmou que decidiu “depor imediatamente o Presidente da República” e suspender todas as instituições da Guiné-Bissau até novas ordens.
Segundo N’Tchama, a intervenção militar foi motivada pela “descoberta de um plano em andamento para desestabilizar o país”. O porta-voz alegou que “cidadãos nacionais e estrangeiros” estariam envolvidos numa tentativa de manipular os resultados eleitorais, com o objetivo de implementar um projeto político clandestino.
Além da destituição das instituições, os militares anunciaram a suspensão imediata do processo eleitoral, o fecho de todas as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas, e a interrupção das atividades dos meios de comunicação, medidas que caracterizam o que aparenta ser um golpe de Estado em curso.
O clima no país tornou-se rapidamente incerto, com relatos de movimentações militares na capital, Bissau, e reforço de segurança em zonas estratégicas. Organizações regionais e internacionais começam a acompanhar a situação com preocupação, temendo uma nova onda de instabilidade política num país historicamente marcado por golpes e tentativas de golpe.
Até ao momento, o Presidente da República não se pronunciou publicamente sobre a declaração dos militares, e não há confirmação oficial de seu paradeiro.
A comunidade internacional aguarda mais informações enquanto o país entra num período de tensão máxima e imprevisibilidade política.
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